A vida começa aos 60, etarismo que nada!

A população com mais de 60 anos está crescendo e busca viver mais e melhor. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), até 2025 o Brasil será o sexto país do mundo em número de idosos. A cada década a expectativa de vida aumenta, indicando uma população mais velha e também mais disposta a viver novas experiências e aventuras.

O perfil das pessoas com mais de 60 anos vem mudando drasticamente, pois a qualidade de vida hoje é um dos principais focos para viver mais e viver bem. A população de modo geral busca práticas de vida mais saudáveis e com isso novas oportunidades se apresentam no cotidiano.

Há apenas duas décadas atrás as pessoas de 60 anos ou mais, eram encaradas como idosos em uma fase final da vida, sem perspectiva de vida produtiva ou inovação. Hoje essa mesma faixa etária é responsável por movimentar uma grande parcela do mercado, as pesquisas dos últimos anos nos mostram dados significativos apresentados a seguir.

Com a palavra, as pesquisas e números

As pessoas com mais de 60 anos representam 20% do poder de consumo do Brasil. A informação é de Getúlio Vaz, representante do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

Chamada de economia da Longevidade ou Economia Prateada, (uma alusão aos cabelos grisalhos e brancos) gera fundamentais mudanças na economia de todos os países. Esse público, por já estar aposentado em grande parte, não têm gastos que os mais novos têm, fazendo que o dinheiro flua de forma diferente.

Segundo Getúlio Vaz, para o Portal Senado, é óbvio que o mundo está envelhecendo. Alguns países já têm quase 30% de suas populações com pessoas idosas (acima de 60 anos). Nos Estados Unidos, estima-se em 25% o poder de consumo movimentado por pessoas com mais de 60 anos, o Japão possui 35,8 milhões de pessoas com mais de 65 anos o que corresponde a 35,3% de sua população total.

Outro dado interessante analisado pelo Sebrae, é que atualmente 17% dos novos empreendedores estão na faixa de 55 e 64 anos de idade e 8% tem mais de 65 anos. Enquanto os mais jovens declaram depender de seus negócios para conseguir a independência financeira, os mais velhos declaram ter uma outra fonte de renda.

O mercado movimentado por pessoas com 50 anos ou mais já abrange 54 milhões de consumidores e pode chegar a 90 milhões até 2045 no Brasil, segundo projeção do Instituto Locomotiva. Dados de 2022, a perspectiva sinaliza oportunidades de negócio na chamada economia da longevidade, que movimenta R$ 1,6 trilhão por ano no país.

Mudança de hábitos

Estudos do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) mostram que a ascensão desse perfil continuará, uma projeção mostra que o número de idosos em 2010 era de 7,3% para  40,3% em 2100. A proporção de idosos cresce a olhos visto em todo mundo, não apenas aqui no Brasil.

Além disso, hoje em dia é possível ver que é comum os mais velhos, como avós e pais, sejam responsáveis pelos aportes financeiros e decisões empresariais dos mais novos,  pois foram as gerações anteriores que construíram fortuna. Eles são os responsáveis pelas decisões de compra, não os jovens.

O comportamento do consumidor muda a partir dos 50 anos, pois é nesse ponto de vida que há uma reflexão sobre maturidade. Portanto, a economia da longevidade considera uma faixa etária que ainda não alcançou os benefícios previdenciários, a partir dos 60 anos. As mulheres desempenham o papel de protagonistats dessa revolução e maturidade, acumulando mais papeis dentro da família e também são as que mais sofrem o preconceito do etarismo.

O etarismo consiste naquele velho pensamento em que uma pessoa não é capacitada ou não tem vitalidade para desempenhar determinadas funções ou papéis na sociedade produtiva. Uma inverdade, pois há décadas esse público demonstra mais interesse, vitalidade e dedicação do que o público mais jovem.

O mercado está atento a esse público e suas novas necessidades, oferecendo soluções para suprir essa demanda. As atividades relacionadas a longevidade estão em alta, como o Bioinformacionista, que é o profissional que combina informações genéticas e desenvolve medicamentos altamente personalizados.

Os hábitos desse público mudam à medida que a inovação suplanta conceitos antigos e ultrapassados. Veganismo em alta, empreendedorismo após os 60 e mercado financeiro em alerta para as negociações via bitcoin.

 A vida começa após os 60

Um novo mundo cheio de possibilidades. É assim que o digital também entrou na vida desse público, não apenas com produtos e serviços para essas pessoas, mas sim oferecendo um papel a desempenhar, o de influencer. Hoje existem influenciadoras entre 50 e 80 anos, que abrangem temas comuns do cotidiano além de falarem sobre a autoaceitação, padrões de beleza e muito mais.

Marcas de alcance nacional procuram esses perfis em diversas das plataformas sociais, pretendendo ter maior alcance entre esse público. O intercâmbio entra as gerações nas redes sociais fez com que o público maduro redimensionasse a forma de ver o mundo e viver a vida.

Outra área que se beneficia da vitalidade dos idosos, é o turismo. Atentos a essa demanda, foi percebida a demanda de acessibilidade e de dinâmicas que favoreçam o convívio em grupo. Observou-se que esse público é muito mais fiel que outros, porém muito mais exigente. É preciso oferecer ainda mais qualidade e flexibilidade, visto que não existe apenas uma temporada de viagem e é possível aproveitar a sazonalidade a favor do cliente, conseguindo viagens e pacotes mais em conta e com mais experiências inclusas.

A vida renasce aos 60, os idosos redescobrem a terceira idade com mais saúde e novos projetos de vida. Aproveitem dessa nova fase para se arriscar em novas empreitadas e velhos sonhos. Hoje, chegam a essa idade com mais qualidade de vida e bem mais informadas, com melhor condição financeira e com uma sólida rede de convivência.

Viver bem e com qualidade para desfrutar o que a vida nos oferece de mais precioso, o tempo.