Os novos compactos de luxo

07/10/2022


Microapartamentos são tendência em grandes centros


Na grande São Paulo, antes mesmo da pandemia, foi dando forma a uma onda: a da procura por imóveis menores e compactos. Sendo um movimento de migração interno, moradores de residências de maior porte estão buscando apartamentos pequenos para viver.


Não se classifica como um movimento de baixa renda, pelo contrário, existem muitos casais e solteiros de alta renda que tem procurado habitações de um ou mais dormitórios, em dimensão menor do que o usual. Os números não mentem, 76% dos lançamentos têm até 45m², enquanto opções amplas tendem a ser um luxo nos grandes centros urbanos.


O que motiva esse movimento


São vários os motivos, que remontam desde o tão importante custo de investimento, famílias menores, mercado imobiliário e mudanças comportamentais.


Nem na pandemia essa tendência recuou, visto que grande parte da população se atentou para a qualidade de vida e a necessidade de áreas mais amplas para desenvolver atividades outdoor. A metragem média das unidades de até um dormitório na cidade caiu 40% em apenas uma década (de 46,1 m² para 27,5 m²) segundo dados da Embraesp, Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio em 2021.


Além disso há uma tendência na redução do número de cômodos dos imóveis, tornando os espaços cada vez mais integrados onde um mesmo espaço é sala, cozinha, área de serviço e o que mais precisar. Por outro lado, outros espaços estão quase em extinção, como lavanderia, escritório, cozinha segmentada e até corredores, enquanto as varandas estão quase onipresentes em todos projetos. Quanto as metragens quadradas os apartamentos de dois dormitórios perderam mais de 13 m², pois passaram de 57,5 m² para 42,3 m².


Detalhes tão pequenos


Alguns pontos também reduziram ou foram impactados nesse movimento, tais como as janelas, a altura do pé direito, iluminação, ventilação e conforto ambiental e térmico reduziram ou foram impactados, de uma forma ou outra.


Os moradores novos medem centímetro a centímetro e por vezes, recorrem à troca de dicas na internet e à contratação de especialistas em reforma. Alguns se dizem satisfeitos e não querem trocar para um espaço maior tão cedo; outros veem limitações. Tudo uma questão de perspectiva.


Uma questão de hábito, de readequação ao espaço e a nova filosofia de minimalismo se soma ao movimento, onde nem sempre viver bem é sinônimo de espaços amplos, o conforto pode vir através de móveis planejados e espaços arquitetonicamente pensados pelo viés da usabilidade.


Ao mesmo tempo, apartamentos menores levam a novos hábitos. Um artigo de pesquisadores da FGV no ano de 2016, identificou redução no consumo, por não ter onde guardar, restrições a visitas e atividades externas mais frequentes.


Também existe as novas configurações de família, segundo o IBGE o total de pessoas que moram sozinhas subiu 43% em 10 anos. Nesse grupo estão solteiros, divorciados, idosos viúvos e quem não mora junto do cônjuge. Há ainda perfis de coabitação que ganham força, como residências com amigos e conhecidos (para além dos jovens universitários) e casais com um ou nenhum filho.


Novos tempos e novas soluções


A professora de Arquitetura e Urbanismo na Universidade Federal de Uberlândia (UFU) fez uma avaliação onde apontou: ?As pessoas passaram muito tempo em casa (na pandemia) e viram como os espaços estão desatualizados. A falta de espaço e privacidade impacta nas relações.?


Houve uma tendência natural de suprir a falta de alguns espaços funcionais dos apartamentos, tais como lavanderia, espaço esse que migrou para as áreas comuns dos empreendimentos. Já outros espaços ganharam maior atenção, como as varandas.


Apesar de serem menores, esses microapartamentos oferecem mais serviços e comodidades. Áreas que ficavam dentro da casa, como a sala de estar, por exemplo, são transportadas para a área comum do condomínio.


Segundo Eduardo Pompeo diretor de Incoporação de uma das grandes construtoras de SP, em entrevista ao Jornal de São Paulo, a mudança de pensamento acompanhou a mudança dos projetos, onde antes pensava-se que um bom apartamento de três ou quartos dormitórios partia de 180m² a 200 m² para cima, e hoje é possível conseguir bons três dormitórios acima de 80 m².


Essa é uma tendência em grandes metrópoles do mundo e não apenas uma realidade de grandes eixos como RJ-SP, especialmente entre jovens de classe média. Esses preferem viver em menores apartamentos mas melhor localizados ? em especial, mais perto do trabalho ? do que imóveis mais afastados dos centros urbanos.


Moradia por assinatura


Sim, essa já é uma realidade de mercado voltada para o público que busca cada vez menos burocracia.  A forma com que o futuro inquilino contrata o imóvel está cada vez mais eficiente e rápida. A transação é quase que em totalidade feita pelo celular, com pouquíssima burocracia, alugando um apartamento já mobiliado.


Outra facilidade da moradia por assinatura é que todas as contas são consolidadas em apenas um boleto: aluguel, condomínio, luz , lavanderia até serviços de streaming,  são agrupados em um pagamento por mês. É similar a fazer check-in em um hotel, fácil e prático.


Esse público que recorre a esse tipo de moradia, obviamente já havia sido constatado em algumas pesquisas, tais como as do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) e mostram que 80% dos jovens entre 16 e 24 anos não querem ter casa própria.


O mercado imobiliário tem uma característica de reinvenção muito forte, sempre estando a um passo a frente das tendências e comportamentos de determinados públicos, o que resulta em inovação a cada momento. Afinal em uma ponta temos o consumidor ávido por um produto específico e na outra ponta, é claro que é preciso oferecer exatamente o que esse consumidor busca.

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